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25 de mar. de 2011

Labele - Uma criança muito especial!

Todo mundo dizia que eu era excepcional.
Fazia tudo para que ninguém me achasse diferente.
Queria ser igual a todo mundo.
Então eu ficava observando os gestos, jeito de falar, quando rir, como comer, tudo, aí eu copiava se achasse que a pessoa era legal, mas todo mundo era legal, pelo menos mais legal do que eu.
Às vezes eu tinha a fala certinha na cabeça, mas não conseguia me expressar, mas também ninguém tinha paciência de me esperar terminar de falar.
Como será que as pessoas adivinhavam o que eu queria ou o que ia falar e faziam por mim?
Uma coisa eu sei bem, minha família tem vergonha de mim, quando vem visita eles me mandam ir brincar no quarto.
Mas eu não sou mais criança, já tenho trinta anos e queria namorar e ouvir música.
Acho que sou bonitinha, porque todo mundo diz isto. - Quê bonitinha!!!!
Sabe, não consigo me movimentar bem durante o dia, mas é engraçado que quando durmo sonho que estou caminhando bem rápido, parece que até estou voando.
De vez em quando eu grito muito, mais é que me sinto presa neste corpo, ele não me acompanha no que quero fazer.
Mas , de tudo isto o que mais me entristece, é ser tratada de modo diferente dos outros, é não me sentir amada, é ser esquecida num canto como se eu não tivesse vontade de passear e dançar e trabalhar e falar. É não ser ouvida.
Vou contar um segredo!
No fundo não me acho diferente, posso pensar e raciocinar e dançar e trabalhar e falar e namorar e tudo só que um pouco mais devagar que as outras pessoas.
Tiau meu querido diário, até amanhã, um beijo.
Labele
Iride Eid Rossini
Direitos autorais reservados
As crianças deficientes intelectuais fazem companhia aos seus pais até final de suas vidas.
Ame seus filhos e aprenda com eles.

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